O dia 1 de Março marcou o sector do Alojamento Local.
Foi o dia em que, de todo o país, se mobilizaram empresários, trabalhadores e proprietários para fazer ouvir a sua voz perante as medidas apresentadas pelo Governo no âmbito do programa “Mais Habitação”, e alertarem para os graves efeitos que irão trazer, ameaçando o futuro do AL.
A multidão que se juntou, empunhando cartazes diante da FIL, naquele que foi o primeiro dia da Bolsa de Turismo de Lisboa, comprovou que o sector está unido e revoltado, e fez-se ouvir a alto e bom som que “Matar o alojamento local é matar o turismo”. O Alojamento Local representa, neste momento, 42% das dormidas de turistas em Portugal.
Carla Reis, a impulsionadora do protesto, frisa que o principal propósito do ajuntamento foi mostrar a cara e apelar ao bom senso e à negociação: “Nós saímos à rua para mostrar quem somos, o que fazemos, na expectativa de que o governo nos ouvisse e nos chamasse para a mesa”. Defende que quem quer regular sobre alojamento local, deve ouvir quem nessa área trabalha e procurar saber qual o impacto que as medidas propostas podem ter.
Outro tópico fundamental a mencionar é o facto do setor do alojamento local oferecer emprego a milhares de pessoas, cujas vidas dependem desse sustento. Acabar com o AL seria condenar também todos os serviços a ele intrinsecamente ligados, desde lavandarias, carpinteiros, pintores, canalizadores, fotógrafos… a lista estende-se. Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), e que também esteve presente no protesto, reforçou precisamente este ponto. Afirmou que o AL não pode ser bode expiatório na resposta aos problemas na habitação: "Esta é uma manifestação espontânea para mostrar que estas medidas, completamente desproporcionais, não matam só o alojamento local. Matam o turismo. Mas, mais do que o alojamento local ou o turismo, matam esta gente. Pessoas que recompuseram a sua vida, investindo no alojamento local. Pessoas que criaram emprego por todo o país. O alojamento local não é só Lisboa".
Estas foram as estatísticas divulgadas pelos manifestantes:
Mais de 55 mil, o número de famílias que dependem diretamente do AL
Mais de 10 mil micro e pequenas empresas dedicadas à gestão de AL
Cerca de 45 mil empresários em nome individual
O balanço desta mobilização foi positivo, tendo a mensagem chegado a vários meios de comunicação e membros do Governo, a destacar o Sr Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que se mostrou disponível para ouvir e entender o ponto de vista dos manifestantes, reforçando a necessidade de atingir um equilíbrio entre os interesses do AL e a necessidade de habitação.
Também marcaram presença vários líderes partidários, que fizeram questão de dar o seu testemunho. Cristóvão Norte, deputado e presidente do PSD Algarve, considera que estas medidas irão colocar em risco o alojamento local, e que no Algarve poderão estar em causa milhares de negócios. Já o líder do Chega, André Ventura, afirma que está a existir “uma violação inaceitável dos direitos de propriedade e das liberdades de investimento”. O presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, também deu o seu parecer, acreditando que a mensagem que o Governo está a passar com estas medidas é de que “em Portugal não vale a pena arriscar, trabalhar nem se esforçar”.
Espera-se agora uma análise cuidada do plano proposto, e que o Governo tome o tempo para pensar, ouvir e reunir com quem no sector trabalha. Não pode ser esquecido o que de bom o AL já trouxe e traz ao nosso país, contribuindo para o seu prestígio como destino turístico mundial. Não pode ser injustiçado quem investiu em reabilitar e dinamizar, criando negócios de raíz e empregando dezenas de pessoas.
O AL não pode morrer, e juntos seremos mais fortes!
Fotografias: Jorge Van Hall
Fontes: Alojamento Local - Esclarecimentos, Diário de Notícias
3 de Março 2023